Amor de cinema

Eu só quero um romance daqueles de filmes mesmo. Qual é? Eu tô cansada dos mesmos bacanas batendo na minha porta toda semana me prometendo seja o que for só por uma noite comigo. Cansada de gente que só quer benefícios dos outros. Já viraram objeto na mão dos outros? Depois dessa experiência você começa a tomar cuidado com todas os seus relacionamentos.

Não quero que seja exatamente como nos filmes de romance, mas aquela sensação de está ao lado de alguém que você gosta… ah eu quero muito isso. E imagina só essa pessoa também gostar de você: brinde em dobro. O respeito é o mínimo, amar e ser amado é a base. E as demais coisas? Se conquista com a convivência e conexões. Estou cansada dessa porra de “Amor a primeira vista” que se dane. Aí se doa completamente a um babaca que nem olha mais na sua cara. Pode até ser a primeira vista, mas será que ele vai te olhar desse mesmo jeito depois que conhecer seus defeitos? Suas manias? Seu passado? Será mesmo?

Eu quero aquele amor que aos poucos ele vai te conquistando, vai ficando presente, vai gostando de você. E que tenha aquela famosa ligação entre olhares. Dizem que os olhos são o reflexo da alma, então que ele saiba ler na mesma intensidade que eu.

Além disso: seja um amor e amizade. Alguém que não seja só um prêmio para ficar a mostra. Um amigo que podemos conversar desde de um dia chato no trabalho até do final da La Casa de Pape – que ele não gostou, mas eu concordei porquê pelo o resumo que ele me passou os fãs ficaram decepcionados.

Eu não tô pedindo uma solução para meus problemas… é só um amor pra ver se meu coração de pedra não se mata tão jovem.

Foi por egoísmo que te perdi

Eu ia assumir, eu juro! Só que tinha o trabalho, aqueles problemas, meu psicológico… mas eu não assumir.

Você tem razão de ficar com raiva de mim. Acabou não foi? Você não pode ser mais considerado, dentro do meu coração, como um amante que eu encontro só a noite. Tem algumas pessoas que perdemos por burrice mesmo, e o cara que me tratou com respeito…Sempre teve algo a mais. O sentimento de ter me apaixonado pelo o homem mais foda que encontrei na vida.

Se hoje você pediu em noivado aquela garota é porquê ela fez o que eu não estava fazendo: te assumindo como meu. Assumir um relacionamento para alguém que passou a vida toda desconfiada de todos é um pouco difícil. Passei boa parte da minha vida com um problema no quesito confiança e isso me trouxe grandes desastres emocionais. Perder alguém no presente por causa de um ego ferido de anos atrás é uma desgraça atemporal.

Você vai casar com ela, vai me mandar o convite e por causa do meu trabalho eu vou ter que ir para manter as aparências. Ser a dona de uma empresa ainda tão jovem, subjugada por todos, ter sua honra correndo o risco diariamente e por aí vai me fez ficar mais séria e calculista. Na atual sociedade que vivemos não podemos ter tudo porque ter tudo significa perder algo. Não se cabe 1.000 barras de ouro numa casa pequena, se cabe 999. Se perde uma barra de ouro e na maioria das vezes é essa barra de ouro que sustenta as outras. Eu perdi a minha barra que sustenta as outras.

Que se dane se ele era meu segurança, e sim não nego que vive um romance com ele. Um romance que poderia está vivo até hoje… ele pediu demissão, no dia seguinte fui no restaurante que ele gosta muito e avistei ele pedindo ela em casamento me ocasionou para uma merda de tristeza intensa que reúne tudo de doloroso. Adele estava cantando sei lá que música, o som estava alto, mas eu não escutei nada além dos meus pensamentos me deixando tonta…

Eu perdi ele e eu não posso fazer nada para curar um ferimento que eu mesmo causei. Fui egoísta ao ponto de perder quem eu amo. Isso vai demorar muito tempo para se curar.”

MARIA DE FÁTIMA

Às vezes eu fico tonto com tanto álcool de traições…

Tá doendo? Então vai valer a pena. Eu não sei como uma dor de chifre vai valer a pena, mas sei que vai ensinar muito.

Eu não gosto muito desse papo de entender no futuro, mas é o que temos para hoje. Isso é cômico. A complexibilidade da comédia na vida é muito irônica e que dá raiva. Carai não tem graça ficar no bar 4 horas da madrugada jogado no chão chorando mares e mares de rios com alto teor de álcool no sangue – tudo bem que isso foi por opção própria. O álcool só faz o favor de revelar a dor evidente no peito.

Ultimamente tudo estava doendo, uma dor que quebra cada parte sua. Refletindo com o meu fígado vencido ou eu reclamava ou bebia. Reclamar por reclamar não mata sede de ninguém e não acaba com a fome no mundo, e muito menos vai salvar coração machucado. Se eu reclamei? Sim. Pense como reclamei de tudo que vivi com aquela pessoa que nem adianta citar o nome. Melhorou algo? Porra nenhuma.

Optei pelo álcool. Em especial vodka. Depois pitu, em seguida cachaça. Teve limão. Só não tiver o meu amor de volta. Fins chegam para todos, mas sério que precisa de traição para contribuir? E vamos de mais um gole. Que o meu anjo da guarda me proteja hoje.

“Não coloquem a culpa no amor… coloquem a culpa na bebida que você tomou por conta própria.”

MARIA DE FÁTIMA

Rodoviária de sentimentos

Ela estava com suas pernas próximas ao seu tórax, sentido o mundo destruído sobre seus ombros e uma dor tão gritante no seu coração. Seu rosto já estava avermelhado das tantas vezes que chorou naquela meia hora. Ter que ir embora depois de um adeus nunca dado é uma coisa que eu não desejo nem aos meus piores inimigos.

Literalmente eu não sei o que aconteceu com ela, mas de qualquer forma se eu não estivesse dentro daquele ônibus pronto para sair da rodoviária rumo a minha terra natal, eu mesmo teria a abraçado. Para mim foi dolorido ver aquilo pelo simples motivo da empatia. Eu nunca sentir um sentimento tão forte e profundo que me fizesse desmanchar como acontecia com ela. A verdade é que mesmo não sabendo desse sentimento que desmorona o ser humano eu não iria tratar ela com indiferença. Não mesmo. Ela merece um abraço, uma compreensão não só em palavras mas em gestos. Quando uma pessoa está quebrada na sua frente o melhor que você tem a fazer é ser humano.

A humanidade nega isso, nega sabendo que é humano, nega a todo custo o sentimento de ser humano… negar sabendo que muitos são humanos é uma negação sem fundamento. Enquanto eu fazia minha filosofia mental o ônibus ia saindo do seu local e a visão da mulher encolhida na própria dor ficava distante. Antes que eu perdesse ela de vista vir a cena mais bonita: uma senhora de uns 60 anos interrompeu o seu momento de dor e lágrimas, e a abraçou. Eu acho que era isso que ela queria e precisava.

“Um abraço salva vidas… ser humano salva a humanidade.” (Maria de Fátima)

Eu te amo, porém eu amo mais o problema que eu sou…

O problema não é você, sou eu. Poderia ser uma desculpa comum e bastante egoísta de ser dita, mas infelizmente é esta a verdade. Eu estou assumindo diante da corte dos julgadores alheios que a porra do problema na nossa relação sou euzinha aqui! Para ser sincera não faço mesmo o seu tipo: eu sou grossa até em momentos românticos, não curto aprender novas línguas onde minha língua tenha que ficar em baixo do pé de algum “colonizador” ou que aceito amarelo como cor aceitável.

Isso mesmo. Eu sou o caralho da incógnita nessa confusão de X, Y e números. Não adianta querer ficar com alguém só pela atração sexual – e olha que até nisso estamos tendo problemas. Os opostos se atraem nunca foi uma mentira, mas sim uma questão de adaptação de personalidades daquela relação.

Somos ensinados a amar, mas amar o que exatamente? Amar se mesmo. Aí assim podemos amar quantas pessoas quiséssemos, ser o que realmente somos com quem amamos e transar nessa porra a hora que quiser. De nada adianta se amar muito ao ponto da arrogância enquanto o próximo lhe pede compressão e não julgamentos. Cara tu é um gostoso da um caralho, mas me julgar ao ponto de destruir partes minhas foi o auge dos desprezo humano.

Relacionamentos tem que ter diálogo e que um compreenda a situação do outro. Caso contrário sempre seremos as vítimas mal interpretadas que na visão geral se tornaram vilãs. Ainda assim que haja a compreensão deve ocorrer dos dois lados, já dizia aquela frase o que um não quer, dois não fazem.

“Caso o seu amor próprio não esteja bem, por favor, se cuida. E não cometa o erro de começar um relacionamento estando ainda ferido.”

MARIA DE FÁTIMA

A bebida afeta o juízo e o bom senso

Um litro de pitu não salva, mas piora tudo. De todas as formas que imaginei eu tinha a crença boba que a minha vida amorosa não se tornaria motivação para criação de uma música sertaneja no Brasil.

Eu podia tinha dito não, recusado de ir para aquela festa, ter ficado bêbada sozinha no meu novo apartamento após ser expulsa da casa dos meus pais por causa do meu sofrimento desenfreado – acabei um casamento de 4 anos. Só que a vontade de superar antes do fim do luto amoroso é um erro que em algum momento todos vamos cometer.

Fui para a tal festa. Bebi muitoooooooo. Agora foi muito mesmo. Acabei com garrafas e garrafas de várias bebidas misturadas com tristeza, ódio e limão. Nunca disse isso a ninguém, mas a bebida é meu vício em dias difíceis. As vezes fica até difícil beber água ou até comer qualquer coisa sem ajuda de uma bela dose de uísque – nem que seja daqueles bem fracas. E como não quero ficar viciada em beber eu evito constantemente dias difíceis, finjo que o dia está complexo e coloco a merda dos meus problemas não resolvidos em baixo do braço e saio seguindo feliz.

Adiar ou fingir que os problemas não existem é um maldade para qualquer mente fudida. Ótima definição. Mente fudida +bêbada triste + vontade de esquecer tudo = cometer loucura. E o que eu fiz? Peguei o primeiro bêbado que estava próximo de mim e dei uns belos beijos. Depois? Me recordo vagamente de está no chão de frente para um vaso sanitário vomitando horrores e imaginando como eu explico isso para minha melhor amiga.

No dia seguinte eu contei tudo para ela enquanto, claro, tomava um café para ver se eu despertava para a vida. Ela só olhou para fim e disse isso: ” eu sei que você está passando por esse momento difícil, mas saiba que eu estou aqui para te ajudar a superar tudo isso”. Depois me deu um tapa na cara e me fez prometer a ela que eu bebesse mais uma vez ela estrangulava a lata de cerveja na minha frente. Sóbria eu ri, mas se estivesse bêbada com certeza eu teria chorado.

Voltei para casa com vontade de viajar. Quem sabe ares novos me salvem ou conhecer pessoas diferentes na parada de ônibus me façam refletir.

“Beijar outro não significa que aquela moça não esteja quebrada por dentro de maneiras indescritíveis.”

Maria de Fátima

A traição da mentira

Isso doeu muito, muito mesmo. Eu acho que só quem sentiu isso nem que seja uma vez na vida entenderá do que estou falando.

Quando não se quer ver a verdade se tampa o sol com a peneira, faz ouvido de mercador, filtra/elimina tudo que é de verdade e se torna um fascista dos próprios sentimentos. Se eu fiz isso? Não. Ao contrário do que muitos fazem eu fui educada e madura ao ponto de perguntar cara a cara. Quando fazemos o errado somos julgados e quando fazemos o certo ninguém se importa. És o problema do mundo.

Jorge pela amor de Deus eu perguntei a você se você sentia alguma coisa por ela e você me disse usando e abusando da palavra sinceridade que não sentia mais nada por aquela mulher. Agora me explica porque eu encontrei vocês dois se beijando doze horas depois do nosso término? Vai me fala. Agora se for dizer que a culpa é minha saiba que o mentiroso e desonesto dessa história é você. Entendam de uma vez por todas que quando alguém se auto denomina ser é boa, sincera, compreensiva é que na verdade essa pessoa é o contrário disso – e é um mau caráter.

Não venha supor que imaginei isso ou que uma amiga minha viu vocês dois de mil amores na praça central. Fui eu que vi com esses olhos que a terra há comer. Como você poder? Eu não estou a sofrer porque você escolheu ela, mas sim porque você disse na minha cara que não sentia nada por está criatura! E isso machuca. Dói ver a pessoa que você ama mentir na sua cara e justicar seus erros com argumentos que um apaixonado não saberia avaliar.

Eu falei com a minha amiga, aquela que você disse que era uma vadia que me levaria para um mal caminho, e sabe o ela fez? Ao contrário de você ela teve uma atitude sincera. Eu tenho traumas Jorge, traumas que você disse que eram frescuras, coisas inventadas pelas minhas paranóias de mulher ciumenta. Essa minha amiga vadia marcou um horário com um psicólogo e disse que pagaria minhas consultas enquanto eu me recupero financeiramente, ela fez mais por mim do que você. Pessoas que julgamos pelas suas aparências são até melhores que nós porque optam por tomar a atitude de não devolver na mesma moeda.

Quer saber mais? Eu vou para essa consulta e tantas outras que aparecerem. Quero que você pegue essa sua sinceridade e faça o que bem entender, eu tenho mais o que fazer.

“Tenho uma saúde mental para cuidar, até a próxima.”

Maria de Fátima

O assalto da minha vida – Ajudando a Barbie

Eu esperava por uma risada nem que seja uma risada contida, mas isso não aconteceu. Quando ele me viu tirou o seu paletó e me cobriu. Olhou bem dentro dos meus olhos e me direcionou para a sua sala. Não disse uma palavra. Tem algumas pessoas que só podem serem anjos na terra.

Quando me sentei na cadeira já dentro da sala dele ouvir ele falando com a recepcionista pedindo que ela conseguisse alguma roupa para mim. Depois colocou uma cadeira na minha frente e me fez aquela pergunta: “Você está bem?” E eu quis gritar, mas eu comecei a chorar. O delegado me abraçou com força. Eu chorei porque tudo estava uma merda, eu não tinha quem pudesse me ajudar, tinha sido tão humilhada que não saberia como explicar. Tudo estava ferido: alma, corpo e coração.

Eu: Eu não estou bem… Nunca estive.
Ele: Ok. Isso é normal.
Eu: Não, não é normal sofrer dois assaltos em menos de 24 horas, ficar seminua e ser confundida com uma prostituta, não ter com quem contar.
Ele: Calma… olha vamos achar uma solução.
Eu: Que solução? Desde de quanto pobre que só se lasca tem solução?

Ele começou a rir. Me olhou por um breve momento e eu puder sentir mais do que uma vontade de me ajudar. Nosso corpo sabe quando alguém gosta da gente. Será que ele ainda sentia algo por mim?

Eu: Por que tá me olhando assim?
Ele: Esse é o mesmo olhar que você conheceu no carnaval de 2013.
Eu: Olha, me desculpa por ter te deixado… eu não queria te magoar.
Ele: Você nem lembra da metade desse carnaval né? Bebeu tanto.
Eu: Sim, não lembro de muito.
Ele: Um dia antes do casamento você me disse que você era uma pessoa errada demais para ter finais felizes como os dos filmes da Barbie.
Eu: Disse?
Ele: Sim. No caso você gritou. Mas não é sobre isso. Você se odiava tanto que trouxe o que desejou. Sério que você veio morar em uma cidade pequena como essa para ter uma vida comum? Você é incrível demais para ficar escondida.

O clima foi cortado pela recepcionista batendo na porta e entrando com uma sacola em mãos. Ela haviaconseguido umas roupas para mim. Logo depois o delegado saiu para eu pudesse trocar de roupa. Ele tinha razão, tinha sim. Eu me diminui demais, me tornei inferior no mundo onde todos fazem isso com os mais fracos. Eu não sentia empatia por mim, me contentei com os restos que os relacionamentos me davam. Cheguei ao fim do poço por conta própria. Agora deveria sair e ele estava disposto a ajudar, eu via isso no seu olhar.

Quando terminei perdi que ele entrasse. Eu não disse nada, talvez ele lesse mentes também. Nos abraçamos. Ele me acalmou em meu momento de desespero.

Deveríamos ganhar mais abraços sinceros do que presentes caros.

Maria de Fátima

O assalto da minha vida – Barbie pelada

Lá estava eu a mais de duas horas esperando por aquele delegado. A minha ansiedade já estava de harmonia com meu nervosismo. Então fui no banheiro para chorar um pouco, vai que aquele desespero passasse ou diminuísse.

Quando voltei me avisaram que eu já podia dá minha queixa ao delegado. Finalmente. Ao entrar na sala eu me deparei com mais um pesadelo bem na minha frente. O tal delegado que eu esperava chegar era um cara que eu tinha ficado na minha época de vadiagem lá pelo carnaval de 2013. Como eu lembrava dele? Eu ia casar com ele depois que o carnaval tivesse fim naquela semana. Sabe emoção misturado com pitu, vodka e fogo no rabo? Então junta tudo isso e acrescenta colocar esse homem gostoso na minha vida. E como o tempo foi generoso com ele: braços fortes, peitoral definido, até parece que cresceu em tamanho. Por um momento eu esqueci da minha desgraça de vida e comecei a desejar ser aquela camisa que ele vestia. E se a gente casou no carnaval de 2013? Não, eu fugi dele. Talvez meu estado bêbada achasse ele bom demais pra mim.

Ele me olhou, me avaliou e depois me reconheceu. A postura antes relaxada, agora estava tensa. Nem eu esqueceria alguém que me deixou plantado na cerimônia improvisada tendo o vendedor de água como testemunha e Ivete Sangalo do Vitória como realizadora de casamento. Diferente de mim, naquela situação e na posição que ele estava, o delegado manteve a postura. Não vou falar detalhes, mas basicamente eu contei sobre o assalto a minha casa e ele me fez perguntas. Não sei quanto demorou, mas meu corpo implorava por descanso. Já ele estava bem frio, muito frio comigo. Sei lá, eu acho que na profissão dele não tem a matéria de como ser frio com uma pessoa que te abandonou no altar improvisado em todos os sentidos.

Quando tudo terminou voltei para casa. Isso mesmo: a casa com a porta arrombada. A minha vizinha Claudiane me esperava e me obrigou a ficar na casa dela com medo que algo pior pudesse acontecer comigo com aquela porta arrombada. Eu mal consegui dormir. Logo pela manhã eu tiver que sair para o centro, mesmo desempregada ainda tinha um curso de inglês que eu tinha pagado no mês anterior duas parcelas. Temos que aproveitar né? Lá estava eu com um quilo de maquiagem na cara, um óculos preto, calça jeans e uma blusa fudida com um buraco na ponta. Até a Beyoncé teria inveja de mim naquela momento – só ilusão aqui.

Faltando pouco para chegar no cursinho uma moto começa a me seguir. Antes mesmo que eu pudesse entender eu fui assaltada por um cara vestindo uma camisa falsificada de algum time europeu. Ele ficou revoltado porque eu não tinha muito o que oferecer – somos dois decepcionados por eu não ter nada. E foi aí que eu achei que não poderia existir outra forma de humilhação, mas foi criado uma nova categoria para a minha vida em especial. O assaltante gritou comigo e mandou eu tirar a roupa se não ia levar bala – como eu sei que não era bala de doce e não podia soltar a piada – comecei a tirar a roupa. Fiquei só de roupa íntima. Humilhada de todas as formas.

O ladrão levou meus cadernos e livros que custaram muito caro, meus documentos e arquivos pessoais, meus estojo simples de maquiagem, meu celular e um CD com todos as músicas de Rita Lee. Eu tinha um computador e um notebook, mas o ladrões do dia anterior já tinham levado. Lá estava eu: só com roupas íntimas, com um salto fuleiro, calcinha rosa, sutiã preto. A delegacia ficava longe, então por uma hora caminhado pela avenida eu fui tratada como puta por todas as pessoas que me avistaram. Bateu uma Gisele Bündchen em meu ser, mandei um fodasse para todas aquelas pessoas e comecei a desfilar. Isso mesmo. Pisei a humilhação que haviam me feito, dancei por cima da desgraça. E a vida amenizou? Que nada. Um quarteirão antes de chegar a delegacia começou a cair uma chuva que só Deus sabe de onde veio.

Cheguei na delegacia com roupa íntima, molhada, cabelo ressecado, com a maquiagem borrada e um dos saltos quebrados. O tal delegado ainda estava lá e me viu naquela situação. Isso que é a lei do retorno? Então foi assim que ele se sentiu quando eu o abandonei? Se eu soubesse que machucava tanto eu teria feito diferente.

Ela implorou desculpas mentalmente. Agora só faltava agir. É na ação que mostramos nosso arrependimento.

Maria de Fátima

O assalto da minha vida – A casa da Barbie

Nessa merda eu não roubei, não matei e muito menos quebrei a droga de um coração. Agora me diz por qual motivo eu tô me fudendo tanto? Qual foi o pecado que cometi na vida passada para ainda está pagando nessa vida? Tem gente que rouba da boca de crianças com a corrupção de projetos sociais e vive muito bem. Obrigada aí universo.

O problema é que eu seguir todas regras, fui uma boa cristã, não traí ninguém – Deus me livre de colocar chifre em alguém -, seguir a justiça dos homens e no final tomei bem no meio do cool. Que se foda! Eu vou continua sendo quem eu sou, mas vou mudar algumas coisas. Seguir tão bem as regras da boneca Barbie que recebi um par de chifres do meu ex namorado só porque eu não queria – adivinha – dá o cool, fui demitida do primeiro grande emprego após terminar a faculdade porque a chefe achou que existia a possibilidade de eu dá em cima do marido dela, minha melhor amiga de infância casou e tá na lua de mel e eu nem posso ligar para ela e chorar – enfim ela casou e não posso acabar com esse momento da lua de mel.

Aí você acha que não pode piorar aí vai e piora. Sacanagem né vida? Porra, tem tanto político corrupto por aí e você tem que fuder com minha desgraça já em nível patamar? Não sei se o destino gosta de mim ou é cúmplice do meu cupido que já sofreu muito, e ambos se juntaram para acabar com minha vida. Super homem me salva, por favor. Saudades de trabalhar na editora escrevendo sobre personagens que tem sua história uma porcaria, mas no final elas se salvam e se recuperam. Por que a minha história é tão fudida ao ponto de assaltarem minha casa e levarem até o meu moedor de pimenta? Já dizia o título do filme: aí que vida.

Cheguei em casa por voltas das quatro com dor de cabeça, fortes vontades de usar o banheiro e chorar quando me deparo com um carro da polícia, dois homens de cinco metros de altura fardados e a porta da minha casa quebrada. Isso a Globo não mostra né? Mas a TV comunitária da minha cidade estava mostrando isso e AO VIVO. Fiquei assustada e desesperada. Adentrei minha residência e eles tinham levado tudo que eu havia conquistado televisão, geladeira, fogão, pedaços do armário – vai lá saber o que fariam com isso -, a feira do mês, meu moedor de temperos. Demorei tanto para ter uma vida confortável tento um amor, emprego bom e uma casa com móveis que em um dia, de repente, perdi tudo.

O jeito aqui é virar puta de uma vez, já tenho a fama mesmo. Os dois policiais tinham sido chamados pela minha vizinha Claudiane – senhora boa, sempre me chamam para almoçar com ela nos domingos. Depois me informaram os procedimentos que seriam feitos , logo em seguida me levaram a delegacia para prestar queixa. Eu não tinha seguro, não tinha quem pudesse me acompanhar e que literalmente iria me dá apoio naquela hora. Fui sozinha. Ninguém se ofereceu a ajuda, ninguém ligou pra mim, ninguém ao menos disse “pode ir despreocupada, eu cuido de tudo”. A verdade é que quando você tá na merda ninguém vem te ajudar, só te humilham.

Nunca imaginei entrar em uma delegacia e principalmente naquela que merecia uma mão de pintura. Não me julguem, vocês também teriam reparado nisso. Me sentei em uma cadeira antes que minhas pernas desistissem que segurar uma anta que perdeu tudo. Fracasso que fala né? Ah, nossa mente é uma filha da puta mesmo. Enquanto eu discutia comigo mesma para não me sentir um completo fracasso e me destruir ainda mais por me lembrar das minhas origens, os policiais falavam com a delegada – queria eu ser uma mulher assim: bem arrumada, sofisticada, elegante que aparenta nunca ter se apaixonado por um pobre feio que te trocou pela filha de um açougueiro.

A tal delegada não podia ficar com o meu caso porque seu turno tinha acabado e aguardava pela presença do delegado noturno. Meu complexo de inferiorodade agradeceu. E eu tiver que esperar. Eu achava que tomar no cu tanto em único dia podia seria o bastante, mas não. É na espera que o ser humano se desespera.

Dias difíceis merecem serem vividos com toda a intensidade dos fatos para que no futuro você saiba que sofreu com todos os detalhes.

Maria de Fátima